sábado, 3 de março de 2007

Disney.

Procurávamos uma viagem rápida durante o Spring Break, feriado de uma semana em que não damos aula. Pensamos em 5 dias, em um lugar quente, sem gastar muito, e queríamos uma piscina ou praia. A opção Orlando tornou-se imbatível: barato, a um vôo sem escala de 2 horas de distância de casa e quente. Eu pensei, se ficamos 5 dias, podemos visitar a Disney um dia. O marido anti-Disney não queria ir de jeito nenhum, mas acabou cedendo. Afinal, temos uma flor de 4 anos e achei que valeria a pena que ela brincasse no parque, embora não consiga entender a graça daquilo para maiores de 18 anos que podem pegar a mesma grana e visitar Nova Yorque ou São Francisco, por exemplo. O resultado?

Valeu. Mas não pelas razoes óbvias e sim pelo brincar, simplesmente pelo brincar.

Não jantamos com a Cinderela em sua Royal Table. Sim, você pode pagar mais uma fortuna além do ingresso e levar seu filho para jantar com a Cinderela, Mickey, Pateta, praticamente quem você quiser.

Não ficamos nos hotéis da Disney, nao completando assim nosso Magical Day. Sim, tem hotel para todos os gostos no complexo Disney: se gosta de praia, tem um com praia e areia fake imitando Polinésia. Se você se acha mais contemporâneo, pode ficar no hotel onde passa o monorail que dá acesso aos parques. A idéia vendida é que você pode ser e fazer o que quiser sem precisar sair do complexo Disney.

Não compramos a Disney e trouxemos para casa. Sim, você sai de brinquedos como o do ursinho Puff e é obrigado a passar pela loja com o mundo do ursinho... Isso para não falar do mundo do rato mais famoso do planeta! Dá para viver só com acessórios Mickey, do tapete a escova de dentes. São essas estratégias maldosas e perversas para os pequenos que discordamos. Não que pensei que seria diferente, mas o apelo ao consumo – de idéias, de sonhos, de coisas – é muito maior do que eu imaginava, ou me lembrava, porque visitei o parque aos 15 anos. Mudei muito ou mudou o parque? Sim, o complexo parece ter crescido muito, mas acredito na primeira opção.

Valeu pelos brinquedos mais simples e pelos shows. O carrossel, uma espécie de trem-fantasma, os brinquedos de rodar, os filmes 3D e os shows com os personagens...

Mas na verdade não existe nada educativo na Disney. Está tudo pronto, não há espaço para a criatividade, apesar de se pregar a importância da imaginação todo o tempo. Se sua filha quer ser uma princesa, ela vai jantar com a Cinderela, passa pela loja e compra tudo de Cinderela e ainda tem a chance de visitar o salão para crianças onde o cabelo, maquiagem (sim, maquiagem!!!) e unha podem ser arrumados... Aliás, a megalomania da versão princesa da Disney é absolutamente horrorosa. Não, não sou contra crianças se vestirem de princesa, bailarina ou super-herói. Mas porque não criar a versão deles? Porque não usar a criatividade de fato e deixar com que eles inventem suas fantasias de princesas e bailarinas e super-heróis? Pega uma sapatilha de uma cor daqui, um collant de outra cor dali, arranja uma coisa para por no cabelo e vá dançar! Na Disney você é induzido a comprar o kit completo: vê a princesa, pede autógrafo (filas enormes!) compra a roupa, janta com ela, vai ao salão e quando vê, levou o pacote completo.

De certa maneira, o que a Disney oferece alem do fascínio das princesas e dos personagens de desenho animado é a facilidade do pacote completo, do conhecido, da satisfação garantida e imediata. Ir a Franca e se arriscar a falar um francês enferrujado ou ate não existente dá muito trabalho. Ir ao EPCOT e ver o pavilhão dos países -10 países de uma vez! – parece ser muito mais fácil. Afinal, para que conhecer a Torre Eifel de verdade se pode-se estar na Franca de manhã, almoçar nos Estados Unidos, passear pelo México à tarde, passando pelo Japão e jantando no Canadá? Também é fácil não ter que pensar onde comer ou o que fazer no dia seguinte. Consome-se tudo: das emoções sem risco da montanha russa à parafernália com as orelhinhas do Mickey. Tudo fácil, disponível, descartável. Mas onde fica o real? Onde estão as experiências de verdade? Onde está o mundo?

Vista como um parque de diversões a Disney vale uma visita, mas o pacote completo não dá espaço para mais nada. No fim das contas, quando perguntamos à flor o que mais gostou da viagem, ela foi implacável: de brincar e da piscina. Da próxima vez, vamos para a praia na Flórida brincar em carrossel de parque de diversão “normal” e ficar sem fazer nada! De verdade!

2 comentários:

Carol disse...

Oiii Lê!! Adorei sua postagem sobre a Disney!! Realmente a Disney oferece tudo muito fácil, não há espaço para criatividade, já está tudo pronto, em excesso de informação supérflua.
Mais que bom que vocês aproveitaram! Mande as fotos depois para eu ver a pequena!! Beijos e muita saudade!!
Carol

Leticia. disse...

Sim, aproveitamos muito mas nos cansamos demais tambem das coisas que escrevi no post... A pequena adorou os brinquedos. O negocio dela foi brincar. Ainda bem! E a gente dizendo - flor, viemos aqui para brincar nao para comprar. E ela sacou isso direitinho. Danada essa menina! Beijos Alba!