segunda-feira, 30 de julho de 2007

Uma nova vida.

Foi em Novembro do ano passado, em uma consulta de rotina do pré-natal. Semana 11. A médica não consegue ouvir batimentos cardíacos, mas não nos preocupamos. A experiência da gravidez da flor tinha sido tão tranquila que não nos passou pela cabeça que poderia haver algum problema. Afinal, eu estava me sentindo muito bem. Chega o aparelho de ultra-som. Não há batimento cardíaco. Trata-se de uma gravidez interrompida, a médica nos diz. Sim, é muito comum. Sim, poderia engravida r de novo e ter outro filho. Sim, já temos uma filha super feliz e saudável. Sim, sim, sim. Mas fazer parte dessa estatística não diminui em nada a dor da perda e do desamparo. Isso sem falar na culpa, algo, por definição, inerente a toda mãe. O que eu fiz de errado em algum momento daquelas 11 semanas? Foi o congresso no México? Foi ter demorado a almoçar naquele dia? Foi ter dormido mal? Ansiedade? Não fiz absolutamente nada de errado. Apenas não dependia de mim, como tantas outras coisa na vida não dependem da gente. Mas o que eu não sabia é que tão difícil quanto a perda de um sopro de vida tão desejada, seria acreditar que outra vida tão desejada seria possível. Ela é possível e está aqui. Semana 10. Existe batimento cardíaco compatível com 10 semanas e o embrião está crescendo de forma normal. Está tudo normal. Apenas meu coração está apertado, torcendo para que dessa vez essa nova vida venha, saudável e feliz.

P.S.: Queridos 5 leitores, a ausência se deve ao coração apertado. Mas de tão apertado, não coube mais nada, transbordou, e estou de volta.